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A Importância da Inteligência Emocional no Empreendedorismo

Nos anos 70, em pleno pós movimento hippie, um jovem médico com o intuito de fazer um trabalho voltado para a saúde social, em uma comunidade remota do Brasil, escolheu o litoral do interior catarinense para sua empreitada, já que idealizava unir a profissão à possibilidade de exercer sua grande paixão, o surf.  Neste artigo, vamos mostrar a importância da inteligência emocional no empreendedorismo com o exemplo de um grande empreendedor brasileiro. 

O local escolhido foi Garopaba, que atendia aos dois requisitos projetados por ele, uma comunidade pobre, que precisava de ajuda médica e um maravilhoso litoral, perfeito para a prática do amado esporte.

Com o passar do tempo, o médico percebeu que, nos meses de inverno, o intenso frio impedia que ele passasse muito tempo no mar. Esse fato o fez lembrar de um tecido que fazia parte de uma roupa de frio que ele conheceu em uma viagem, um material isolante e flexível o bastante para que fosse possível confeccionar uma roupa que resolvesse o seu problema. 

Voltou ao local onde tinha conhecido o material, comprou algumas amostras, desenhou uma roupa que cobrisse o seu corpo e, com a ajuda de sua esposa, a costurou. 

Logo, a novidade fez sucesso entre os surfistas locais e começaram a aparecer as primeiras encomendas. A partir daí, ele começou a dividir a medicina e o esporte com os crescentes pedidos e, com o tempo, inevitavelmente teve que optar entre as atividades,  abandonando  a medicina em busca do sonho empreendedor de ajudar a transformar o mundo do surf, que na época crescia vertiginosamente, em todo o mundo. 

Esse foi o início de uma das marcas de surf mais conhecidas da atualidade, que, após pouco mais de quatro décadas, tem atuação em vários países e um pool de produtos que vai de roupas de surf, a carros e motos. 

Marco Aurélio Raymundo, também conhecido como Morongo, realizou um feito para poucos na história do empreendedorismo mundial. 

Construiu um império capitalista com a mentalidade budista, do desprendimento às coisas materiais, e, por isso, está servindo de exemplo e pesquisa para uma forma mais social de empreender, em que a responsabilidade é respeitada e a riqueza é distribuída sem egoísmos, havendo um compartilhamento saudável dos frutos do trabalho de todos, meritocraticamente, no melhor equilíbrio que a religião oriental prega.

Mas qual o segredo de Morongo? 

Uma extrema inteligência emocional (IE), que só um grande desprendimento das coisas materiais pode proporcionar, o poder de acreditar no próximo e o desejo de compartilhar uma sinergia boa para todos, na forma de um empreendedorismo de qualidade, que seria voltado também para o social, assim como fez na comunidade de Garopaba, que teve um desenvolvimento infinitamente maior que o restante do país, graças às intervenções de Morongo desde o nascimento da Mormaii.

O estilo de gestão dele prega duas filosofias primordiais em suas empresas:  “liberdade com responsabilidade” e “dividir para multiplicar”, que serão explicitadas mais adiante. 

Há décadas ignorada pela sociedade moderna, a Inteligência Emocional (IE), está cada vez mais na pauta das reuniões da atualidade, que prezava muito mais o raciocínio lógico, medido pelo popular Quociente Intelectual (QI), que basicamente mede a razão lógica, sem muita intervenção da subjetividade, a maior das matérias primas da IE.  

A Inteligência Emocional é uma forte aliada do ser humano e está presente em todos nós, embora em maior ou menor grau individual. 

Ela pode ser moldada, desenvolvida e cultivada, dependendo para isso, da simples boa vontade do indivíduo, em ter uma auto-crítica suficientemente clara para perceber o outro em seu caminho. 

Mas o que é a Inteligência Emocional?

Segundo Daniel Goleman, psicólogo de renome internacional, a definição de IE é a seguinte:

                        “… capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos.”  (Goleman, 1998).

 A empatia gerada pelo detentor da IE amplia as chances de cooperação, porque estão mais aparentemente ligadas ao sucesso mútuo, o inteligente emocional consegue captar e oferecer as condições necessárias para a confiança mútua.

 A IE no Empreendedorismo

Dizer que a inteligência emocional no empreendedorismo seria fundamental, é negar a realidade e o passado, já que, na maior parte da história, o conceito de gestão de pessoas praticamente inexistia. 

O maior exemplo disso é o caso da Apple e o seu famosíssimo fundador, Steve Jobs, que revolucionou os produtos de tecnologia e tornou sua empresa a mais valiosa do mundo, mas era famoso pela cólera com que tratava os subordinados, ou seja, até 30 anos atrás, o que acontecia realmente, era que uma boa pressão emocional poderia até proporcionar grandes impulsos de produtividade nas empresas. 

As implicações do uso da inteligência emocional no empreendedorismo e no meio profissional começaram a ser mais compreendidas na década de 90 e muita coisa foi descoberta de lá pra cá.

Um estudo da TalentSmart comparou a inteligência emocional com outras 33 habilidades que podem ser usadas no local de trabalho e constatou que a IE responde por 58% do sucesso em todos os postos de trabalho, além de estar diretamente relacionada à felicidade afetiva e pessoal. 

Pessoas com alto grau de inteligência emocional transitam muito melhor dentro das relações interpessoais que são necessárias para o sucesso profissional e empreendedor. 

Um pequeno empresário com boa inteligência emocional, tem mais chances de sucesso em relação aos outros, pois irá proporcionar um bom relacionamento com colaboradores, clientes e fornecedores,  e isso é um diferencial incrível, no decorrer do tempo. 

Esse pequeno empresário, tendo a capacidade de se colocar no lugar do outro, irá perceber as nuances de cada colaborador, suas melhores habilidades, seus anseios e perspectivas de ascensão profissional e pessoal.

Saberá a melhor maneira de provocar mudanças positivas no estilo dos trabalhos e nos desafios propostos para cada equipe. 

Entender as necessidades e aspirações de cada grupo social que interage com a empresa é bastante desafiador, mas um excelente estimulante para o crescimento dela, no quesito “capital humano, interno e externo” que é considerado, talvez, o mais valioso bem intangível das empresas, na atualidade.

Na Mormaii, desde seu início, foi liberada a prática do Surf ou qualquer outra atividade esportiva, a qualquer hora do dia, isso numa época em que não existia a menor flexibilidade de horários de trabalho. O fato é que Morongo devia acreditar que as pessoas iam se sentir melhor após o esporte e isso também poderia se refletir em seu trabalho. 

Foi essa política que resultou na  filosofia da “liberdade com responsabilidade”, ela deu o lastro necessário para que essa flexibilidade não causasse danos à empresa, por negligência ou irresponsabilidade. 

Em outra inequívoca prova da genialidade emocional de Morongo, a segunda “filosofia empresarial” que ele pratica, o “dividir para multiplicar”, pode ser facilmente demonstrada na descentralização que os setores da Mormaii sofreram, ao longo do tempo. 

Hoje em dia, seu foco são os Royalties da marca, quase todo o resto foi doado a antigos parceiros e funcionários.  

A fábrica de roupas de neoprene (aquelas do início de tudo) foi doada para um detentor de outras licenças de produtos da Mormaii,  que “era bom com pessoas”. O departamento de marketing foi transformado em uma agência de marketing, que cuida do material publicitário de todos os produtos da marca e foi entregue a dois funcionários antigos. O e-comerce foi doado à funcionária que trabalhou e defendeu a sua criação e a administração das franquias também foi transformada em uma empresa e doada a um antigo parceiro. 

Algumas das características de quem tem alto grau de Inteligência Emocional no Empreendedorismo

Capacidade de compreender e motivar os outros;

Influenciar positivamente, com intuito de colher frutos conjuntos;

Domínio e percepção das próprias emoções;

Saber lidar com pessoas em situações de estresse;

Capacidade de identificar as pistas não verbais de como alguém se sente;

Fazer um bom gerenciamento do tempo;

Compromisso com a melhoria contínua;

Manter a coragem e o autocontrole em tempos difíceis;

Se pergunta sempre se o que ele está fazendo, está movendo-o em direção aos seus objetivos;

Planeja o futuro, mas vive no presente;

Não enxerga as atividades como um trabalho e sim como um desafio;

Exerce a pontualidade em todos os níveis de relacionamento;

Recentes pesquisas de Marco Iacoboni, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, apontam que existe um contágio emocional sempre que há interação entre humanos, nossos corpos e cérebros reagem aos sentimentos daqueles que nos rodeiam, de forma instantânea e inconsciente e sem controle de nossa parte.

O estudo apontou que, quando existe diferença de poder entre as pessoas, a pessoa com mais influência é o “remetente” de sentimentos.

Imaginem a energia positiva emanada por um patrão gente boa e surfista, que não tem o menor apego à matéria e deixa o pessoal praticar esportes em pleno horário de expediente. Quais os bons sentimentos que todos os colaboradores nutrem pela empresa e negócio? 

O que isso traz de bom para a empresa? 

São perguntas que a Mormaii está respondendo com a sua história de sucesso. 

O que fazer para melhorar a inteligência emocional no empreendedorismo?

Leia romances –  A prática dá uma maior capacidade de se colocar no lugar das pessoas, já que o romance lhe obrigará a “sentir” o que os personagens estão passando no enredo;

Estabeleça um tempo para ficar quieto e reflexivo; 

Aceite a responsabilidade por seus fracassos, não procure bodes expiatórios em sua vida;

Aprenda a navegar pelas complexidades sociais que todos enfrentamos;

Tente enxergar-se como os outros o enxergam;

Olhe para cada nova oportunidade como uma experiência excitante capaz de estabelecer novos rumos em sua vida;

Converse consigo mesmo;

Viva o agora!! O instante atual é o único que você tem controle;

Se está insatisfeito com a vida, mude o que está fazendo e dizendo sobre si mesmo;

Faça uma autoavaliação sobre suas habilidades e pontos fortes;

Nem todo dia é igual ao outro, seja gentil consigo mesmo naqueles dias em que a auto-estima não está muito bem;

Tente ser agradável o tempo todo, não importa em qual situação;

Medite! Independente de suas crenças pessoais;

Tente enxergar as coisas no longo prazo;

Esteja sempre aberto às mudanças, faça ajustes na sua conduta, sempre que necessário;

Tenha a capacidade de cultivar relacionamentos sólidos;

A capacidade de descentralização de tarefas e responsabilidades, percepção  das dificuldades, de perdoar os erros, de incentivar a evolução, motivar uma causa, mostrar em atos o que diz, estar apto a melhorar sempre como patrão, filtrar as visões entre empregador e empregado, são mais importantes para o negócio do que imaginamos. 

O detentor de uma boa IE tem nas mãos uma inesgotável fonte de eliminação do ego, de poder reconhecer os próprios “pontos cegos” e propiciar o auto-aperfeiçoamento e também o aperfeiçoamento de quem o cerca.

É uma capacidade humana aberta a todos, porém, infelizmente, utilizada positivamente por poucos.

Somos responsáveis por tudo o que acontece em nossas vidas, devemos aprender a ter total responsabilidade e gerenciamento por nós mesmos, se não fizermos isso, estamos descentralizando o controle de nossas vidas. 

Não fique preso em uma redoma emocional, cercada de bens materiais que só enfeitam a sua prisão. 

Assuma o controle de suas emoções e de sua vida!!!

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