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Na Europa, em meados do século XVII, provavelmente numa bela manhã de outono, lá estava Isaac Newton, absorto em seus pensamentos contemplativos ao admirar a natureza, quando, reza a lenda, uma maçã cai da árvore em que ele estava relaxadamente encostado e lhe transmite a ideia do que seria depois conhecida como a Lei da Gravidade, fato que mudou os rumos da física e de toda a humanidade.
Centenas de anos depois, nos Estados Unidos, a biografia de Sam Walton, fundador da WalMart, uma das maiores empresas do mundo, menciona que ele associava seu maior prazer, que era pilotar aviões, ao ato de visitar os concorrentes por todo o país, com o objetivo de pesquisar novas ideias e formas de expor e vender seus produtos. Ele se passava por cliente, copiava o que achava interessante e observava os erros cometidos, evitando-os em suas lojas.
Partindo para a ficção, quem assistiu ou assiste à série americana Dr House pode entender melhor onde quero chegar, ao lembrar que, nas tramas que seguem em um grande hospital e acompanham o cotidiano de um brilhante médico, famoso por resolver os mais complicados e misteriosos casos de saúde, geralmente os “insights” que resolvem o problema surgem enquanto ele fica em períodos de puro ócio em seu consultório, jogando uma bola de tênis na parede ou numa pequena cesta de basquete, não raro encostado em sua cadeira, com os pés em cima da mesa.
Voltando à vida real…
Nas férias, Steve Jobs fazia longas viagens com a família para conhecer o mundo e aproveitava cada ocasião para pensar em novas maneiras de inovar e criar. Também fazia longas caminhadas ao ar livre com seus interlocutores (acionistas, funcionários, fornecedores, etc) para debater todo tipo de assunto relacionados à criação dos produtos que iniciaram ou revolucionaram mercados e que ninguém sabia que iria precisar, tanto quanto precisam hoje.
Dos quatro exemplos citados, dois mudaram os rumos da história (Jobs também fez isso, além de Newton), um é um brilhante personagem de ficção, perfeitamente factível no mundo real e o outro morreu como um dos homens mais ricos do mundo.
Uma das coisas que eles têm em comum é o fato de que todos se utilizaram de longos períodos de Ócio Criativo (OC) em seus cotidianos. Abrindo mão do usualmente aceito pela sociedade, que é passar o máximo de tempo possível na empresa, para atingir um nível de superioridade inconteste em relação às outras pessoas ou profissionais do ramo.
E é justamente se portando a milhares de anos luz do entendimento da maioria das pessoas que conseguiram feitos inimagináveis por estes.
Esse artigo é uma pequena tentativa de fazer o leitor enxergar a importância e a simplicidade da questão, para que também possa tomar certas atitudes que elevarão seu pensamento e resultados com o passar do tempo.
A expressão “Ócio criativo” foi cunhada pelo sociólogo e escritor Domenico De Masi, em seu famoso livro de mesmo nome que, trocando em miúdos, tem como proposta básica a unificação de trabalho, lazer e aprendizado em uma só atividade ao mesmo tempo.
É a “cereja do bolo” da qualidade de vida, porém conseguir esse feito não é fácil, é preciso muito esforço, dedicação, reflexão e planejamento para se obter a capacidade de praticar o OC e ter resultados positivos com ele.
Vamos aos porquês…
A maior parte das pessoas tem a mentalidade de que OC significa não fazer nada. Ficar “zapeando” a TV parece ser, para elas, a melhor forma de aproveitar o ócio.
Porém, para quem pratica o OC, o caso é exatamente o oposto disso, é simplesmente o “fazer tudo”, já que os “insights” recebidos nestes momentos geralmente tratam de coisas que fogem ao senso comum e se tornam de grande valor para as questões a que se propõem, por envolverem altas doses de criatividade ao tema.
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São ideias que mudam a história de quem se utilizar delas, foram ideias que mudaram o rumo da humanidade, como foi mencionado no início do texto.
Então é preciso se dar conta da importância do OC, como forma de conduzir um melhor aproveitamento e planejamento de vida, tanto pessoal, quanto profissional.
Isso deverá implicar em tentar ter discernimento para utilizar melhor o tempo, única coisa da vida que é distribuída em igualdade para todos nós, e saber diferenciar entre as inúmeras possibilidades de gastá-lo, focando naquilo que vai trazer mais resultados positivos, no que diz respeito ao trabalho, lazer e aprendizado.
Quando estamos em estado de OC, nosso cérebro, por não estar no “piloto automático” do cotidiano, fazendo tarefas rotineiras e repetitivas, tem mais acesso aos níveis mais profundos do nosso inconsciente, onde estão gravadas todas as nossas experiências, desde o exato momento de nosso nascimento.
É dessa forma que se consegue “pescar” determinadas ideias que não surgiriam normalmente, quando estamos no frenesi do cotidiano.
Imagine todas as suas ideias criativas em estado de plena ebulição inconsciente, podendo ser acessadas e aproveitadas para melhorar sua vida pessoal e profissional.
O ócio criativo no empreendedorismo
A gestão empreendedora é uma das atividades profissionais que mais se destacam através do OC e também que mais se beneficiam pelas virtudes dele.
Dando a capacidade de, através de atividades totalmente alheias ao negócio em si, extrair do inconsciente ideias e cenários que primam pela criatividade e ineditismo, criando oportunidades ímpares de mudar os rumos do negócio, fornecendo valores e resultados positivos para a empresa.
Vários empreendedores sempre se utilizaram do método para expandir seus negócios a patamares nunca antes imaginados.
Para tanto, o empresário precisa estar numa posição bastante confortável quanto ao cotidiano operacional e administrativo de sua empresa, para que tenha tempo e disponibilidade para dedicar a si mesmo, com o objetivo de promover o OC.
Ou seja, no início do negócio é praticamente impossível que isso aconteça de forma satisfatória, já que ele ainda não descentralizou todas as suas tarefas operacionais e estas simplesmente “nublam” a maioria dos seus pensamentos criativos.
O empreendedor que faz a diferença em seu negócio sabe usar o cotidiano a seu favor, focando nas atividades que realmente dão mais resultado para a empresa, ao invés de dedicar tempo às tarefas rotineiras que podem ser descentralizadas.
Agindo assim, seu tempo e energia não se esvairão no resultado operacional daquele mês, irão render frutos e trazer resultados positivos ao longo do tempo.
Foram atitudes deste tipo que elevaram empresas ao patamar que ninguém nunca havia imaginado, que agregaram valores importantíssimos ao negócio, mudando sua rota permanentemente.
O que fazer nos momentos de OC?
Permita-se a dar uma caminhada na praia ou em um parque no meio da tarde, permita que o seu inconsciente aja de forma que “apure” a melhor forma de fazer alguma coisa, simplesmente por ter saído da mesmice imposta pela rotina.
Pense!! Faça reflexões sobre os rumos da empresa ou dos projetos, seu passado, presente e futuro. Quais horizontes deve contemplar, quais novas áreas pode abordar, como melhorar ainda mais a qualidade de seus produtos e serviços.
Rumine mentalmente sobre novas funções que podem dinamizar os processos do cotidiano operacional e administrativo da sua empresa.
Defina uma estratégia de longo prazo – nada melhor do que pensar no futuro da empresa enquanto contempla uma paisagem que lhe dá prazer. Nesses momentos você pode ter “visões” de como sua empresa será num futuro distante ou a médio prazo.
A história nos brinda com vários exemplos de que as grandes ideias e atitudes que mudaram o mundo e grandes empresas vieram à tona em períodos de Ócio Criativo de seus idealizadores.
A possibilidade de praticar o OC é um dos maiores bens intangíveis que um empreendedor pode ter, se perceber esse bem e se utilizar dele para o crescimento da empresa verá o quanto será valioso.
Além do mais, no mínimo, ele estará vivendo mais e melhor, de acordo com as suas próprias convicções e instintos.
Isso não tem preço, tem valor!!
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